sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Homem-Aranha: Joe Quesada explica definitivamente Um Dia a Mais

Em cinco entrevistas ao site Comic Book Resources, Joe Quesada, Chief Creative Officer e editor-chefe da Marvel Comics, buscou dar uma explicação definitiva aos fãs sobre o que aconteceu no “des-casamento” de Mary Jane Watson e Peter Parker, o Homem-Aranha. A história que começou na controversa saga “Um Dia a Mais”, de 2007-2008, levou a uma reformulação na vida e na cronologia do personagem, cujas pontas soltas só foram explicadas recentemente na saga “One Moment in Time”.

Faltava ainda explicar um pouco dos bastidores e pontos de “One Moment in Time” que alguns leitores acharam complicados. A entrevista buscou encerrar o assunto. Como “O.M.I.T.” ainda não foi publicada no Brasil, tudo a seguir é spoiler!


Continue lendo por sua própria conta e risco.


Em primeiro lugar, Quesada dizia há vários anos que ter o Aranha casado era prejudicial às vendas e à identificação do personagem com os leitores [nota do editor: eles ainda acreditam que os leitores do personagem têm 12 anos...]. Faltava só descobrir como torná-lo solteiro novamente (sem um divórcio, o que seria pior). O editor explica que, numa reunião entre os principais roteiristas da Marvel, o escritor de Amazing Spider-Man na época, J. Michael Straczynski, propôs uma solução baseada no filme De Caso com o Acaso (1998): alguma coisinha acontecia no dias que precediam ou no própria dia do casamento de Peter e Mary Jane, o que criava uma realidade paralela onde eles não se casavam.

Editores e escritores concordaram com o plano. Quesada ressalta que a solução era boa porque não apagaria décadas de história dos personagens. A fase “Um Novo Dia”, com o Aranha renovado, já começou ali - roteiristas e desenhistas teriam que trabalhar adiantado para manter o novo ritmo de três edições por mês, antes mesmo de “Um Dia a Mais” estar pronta.

O problema aconteceu quando Straczynski entregou o último roteiro de “Um Dia a Mais”: nada do que havia sido combinado na reunião estava lá. Straczynski havia voltado muito no passado, mais precisamente até Amazing Spider-Man #98, de 1971, história famosa por mostrar Harry Osborn como um viciado em drogas. A mudança aconteceria ali: Peter Parker conseguia convencer Harry a se livrar das drogas, Harry não terminaria seu namoro com Mary Jane, e assim Peter e Mary Jane nunca ficariam juntos. Além disso, como Harry estava bem, seu pai Norman Osborn não voltaria à identidade de Duende Verde - e Gwen Stacy não seria morta.

O problema maior, diz Quesada, é que a mudança comprometeria 37 anos de histórias do Aranha, bem mais do que o acertado na reunião (o “des-casamento” como planejado comprometeria 21 anos) - fora o retorno de Gwen, cuja morte é considerada ponto imutável na trajetória do Aranha. Straczynski chegou a propor outra solução, mas os editores a recusaram porque comprometeria também a cronologia do restante do Universo Marvel.

Este foi o motivo, segundo o editor-chefe, pelo qual os dois últimos capítulos de “Um Dia a Mais” tiveram que ser reescritos e a briga entre ele e Straczynski veio a público quando da publicação da história. “Fiquei feliz de termos que refazer aquelas edições para que a história funcionasse? Não, nem um pouco. Conseguimos criar uma leitura satisfatória? Claro que não, como é que conseguiríamos? Ficaram muitas perguntas sem respostas para o leitor. Mas, como editor-chefe tenho que tomar essas decisões a todo momento, algumas maiores do que outras, mas quando estou entre apagar 37 anos de continuidade ou deixar uma história aberta para voltar a ela outro dia, acredito que tomei a decisão certa.”


Na opção original, tudo seria explicado ao leitor em “Um Dia a Mais”. Em função dos apuros que relata, a explicação teve que ser deixada mais para a frente - e acabou saindo agora, dois anos e meio depois, em “One Moment in Time”.

Quesada ainda revela que o sussurro de Mary Jane para Mefisto, numa das cenas climáticas de “Um Dia a Mais” também era um mistério para ele à época da publicação. Ele só encontrou uma solução para o que ela teria dito enquanto escrevia “One Moment in Time”, mais recentemente. Nesta, revela-se que Mary Jane pede a Mefisto que aceite o pedido de Peter para apagar o casamento, mas que o demônio nunca mais mexa com a vida dele.

Quesada ainda aproveita para comentar que a história original do casamento de Peter e Mary Jane, de 1987, nunca lhe convenceu. Ele explica que o casamento foi algo apressado nos quadrinhos - o casal não estava nem namorando - porque Stan Lee decidira casar os dois nas tiras de jornais do herói, que tem sua própria continuidade independente. Como a Marvel percebeu que aquilo renderia muito falatório, decidiu casá-lo nas suas revistas também. “Ao reler aquelas histórias, fica evidente que são duas pessoas em momentos bem distintos que foram forçadas a ficar juntas só para vender um monte de gibi”, comenta Quesada.
Por fim, o chefão dos quadrinhos Marvel diz que a experiência com “Um Dia a Mais” foi talvez a mais estressante que enfrentou no cargo. “Perdi o sono, semanas da minha vida e um bom amigo. Eu podia ficar aqui culpando tal e tal pessoa? Sem dúvida, mas no final das contas o culpado sou eu mesmo. Enfim, mesmo que a história tenha cumprido seu papel, a experiência como um todo foi horrível.”
Para encerrar, Quesada afirmou que “One Moment in Time” tornou a identidade do Aranha mais uma vez secreta para o mundo - revertendo um dos grandes momentos da saga Guerra Civil -, apesar de Mary Jane continuar sabendo do segredo. Por fim, o editor diz que, apesar de “One Moment in Time” apresentar uma filha do casal, não passa de uma projeção dos desejos de Mary Jane. Não existem nem filho nem filha do casal.


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