quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Crítica: O Solteirão

O título nacional prenuncia uma comédia, mas O Solteirão (Solitary Man) é um drama de autodestruição que está muito mais próximo do nome original, "O Solitário".

O longa começa com Ben Kalmen (Michael Douglas), milionário de uma rede de concessionárias que desfruta de uma vida perfeita, visitando o médico. Seis anos depois, sabemos que ele foi preso, está divorciado, tornou-se um mulherengo incorrigível e perdeu quase toda sua fortuna. Acompanhamos então o personagem descendo os últimos metros que faltam até o fundo do poço, afastando-se de família, amigos e sem olhar para trás.

Douglas vive o protagonista sem qualquer esforço. Kalmen é uma versão light de Gordon Gekko (Wall Street) ou tantos outros personagens que o ator viveu na década de 1990. O roteiro de Brian Koppelman, que também assina a direção, pedia um pouco mais de entrega, mas Douglas parece orgulhoso (ou preguiçoso) demais para se sujeitar a qualquer emoção mais profunda.

Assim, O Solteirão não consegue em momento algum conectar-se com a audiência. A canalhice do personagem faz com que nos afastemos dele conforme seus próprios familiares o fazem. Sobra apenas - para nós e para ele - o dono de lanchonete vivido por Danny DeVito. Mas a doçura desse personagem também não demora a confundir-se com estupidez.

Se Douglas parecesse em algum momento arrependido, ou ao menos saudoso dos seus tempos áureos, talvez houvesse alguma emoção verdadeira no filme. Mas o tom de "a vida é o que é" - frase de Kalmen - simplesmente não convence. E há, aquela cena ao final do filme, quando ele se senta no banco em que conheceu a ex-esposa, vivida por Susan Sarandon. O texto ali é o melhor momento do drama, com o protagonista expressando suas razões para ter feito o que fez. "Eu fui um leão" poderia ter sido um novo clássico. Pena que o automático de Douglas não expressa em momento algum o que o texto está dizendo. Se ele foi um leão, hoje é uma zebra.


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