segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Poucos astros e muito cinema autoral no Festival de Veneza

A ausência de astros e divas mundiais marcou a 67ª edição da Mostra de Cinema de Veneza, que se encerra no próximo sábado, após ter apresentado, sobretudo, filmes autorais, experimentais e intimistas.

Afetada pela chuva, pelo desconforto gerado pelas obras de reconstrução do novo Palácio do Cinema, e sem poder alojar os grandes astros do cinema no lendário Hotel des Bains, onde Luchino Visconti rodou "Morte em Veneza", a Mostra não brilhou este ano pelo 'glamour' que lhe é habitual.

Ao contrário das edições passadas, o prestigiado festival veneziano não contou com superproduções americanas, as quais usavam o charme da cidade dos canais como sua plataforma de lançamento na Europa.
Apesar de ter sido inaugurado com o filme "Black Swan", do respeitado diretor americano Darren Aronofsky, com a atriz prodígio Natalie Portman no papel de uma ambiciosa bailarina clássica, a chegada de astros internacionais foi escassa. Com exceção de Vincent Cassel e Catherine Deneuve, as ausências - Gerard Depardieu, Robert de Niro, entre outros - pesaram mais do que as presenças.

A rivalidade com o outro grande festival europeu, em Cannes (França), ficou praticamente enterrada, enquanto o diretor da mostra italiana, Marco Muller, confirmou que deixará o posto ao fim da edição de 2011, para se dedicar à produção de filmes.

Pela passarela do Lido, sob vento ou chuvas incomuns para esta época do ano, desfilaram sobretudo personalidades italianas e cineastas relativamente desconhecidos do grande público.

Dos quinze filmes da mostra competitiva - de um total de 24 - exibidos até agora, a cinco dias do encerramento, brilha o cinema não comercial, realizado por diretores que não chegaram aos cinquenta anos e que experimentam com planos e sequências lentas.

É o caso de "Post Mortem", do chileno Pablo Larraín, e de "Essentials Killing", do polonês Jerzy Skolimowski, bem como de "The Ditch" (O Fosso), do chinês Wang Bing, os dois últimos exibidos esta segunda-feira. A morte, o vazio, a solidão e a injustiça são os temas do filme chinês, que denuncia uma das páginas mais atrozes da história da Revolução Comunista chinesa.

Ambientado em 1960, em um campo de trabalhos forçados no deserto chinês de Gobi, onde se corrigem os "desvios para a direita", o filme descreve o horror com força: mantidos em circunstâncias desumanas debaixo da terra, os presos chegam ao canibalismo, a comer ratos e digerir o vômito dos companheiros de reclusão.

Nascido em 1967, Wang Bing reconheceu que seu filme é "um trabalho de memória mais do que de denúncia. O importante é falar deste passado", acrescentou. O filme foi rodado em território chinês, sem autorização oficial, e provavelmente não chegará a ser divulgado.


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