quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Crítica: O Último Exorcismo


Quando um filme é reconhecido como uma combinação da fórmula de "Bruxa de Blair" (1999) com a temática da possessão demoníaca, há uma certa curiosidade para quem gosta de terror. A ideia de um exorcismo sob uma abordagem supostamente documental explica a expectativa desse público sobre o tema, apesar do desdém de muitos.

Por essa razão, "O Último Exorcismo", que estreia em circuito nacional, deve ser, perdoado o trocadilho, algo a se "ver de perto". Como ocorreu em "Bruxa de Blair" e, mais recentemente, em "Atividade Paranormal" (2007), o enredo tem como ponto de partida a ideia de que tudo projetado na tela é um registro factual. Em outras palavras, um documento verdadeiro sobre uma experiência real, sem cortes, edição ou roteiro.

Aqui, a história tem início quando o reverendo Cotton Marcus (Patrick Fabian) quer provar que as sessões de exorcismo, das quais que ele mesmo é protagonista, são uma grande farsa. Para isso, ele chama uma equipe de filmagem para mostrar que tudo não passa de enganação, uma representação para "curar" pessoas que aproveitam a suposta presença do demônio para justificar suas próprias inaptidões.

Filho de reverendo, Cotton não só debocha de seu pai e de seus fieis ("eles não entendem o que escutam", chega a dizer), como também se mostra uma figura cheia de truques para enganar os desavisados. Um picareta, mas um picareta de bom coração, já que simplesmente serve o que seus fieis precisam no momento. Os exorcismos são embustes, mas também uma lição de moral para os envolvidos.

Durante as gravações, ele lê uma carta desesperada de Louis Sweetzer (Louis Herthum), pois sua filha, Nell (Ashley Bell), parece estar possuída pelo demônio e Cotton parte com a equipe para o exorcismo. Em seu arsenal de fraudes, há gravações em latim, uma cruz que lança fumaça e aneis elétricos para dar choques durante a simulação de possessão. O problema é que, depois do circo e do dinheiro recebido pelo serviço, a pobre Nell não parece nada bem e Cotton precisa mesmo encontrar uma solução.

Neste momento, os truques deixam de ser do reverendo e passam ao diretor Daniel Stamm e aos roteiristas Huck Botko e Andrew Gurland. A partir daí, as câmeras tremem, há pouco foco na imagem e todo o ambiente (som, luz e cenografia) mudam para dar vazão ao terror.

Há duas questões a considerar em "O Último Exorcismo". A primeira é a de não conseguir ter, como os próprios produtores (Marc Abraham e Thomas A. Bliss, de "Madrugada dos Mortos") quiseram vender, as melhores cenas de possessão - está aí o "Exorcismo de Emily Rose" para provar o contrário. Outro ponto é o desfecho, que deixa a desejar em qualquer gênero.

A possessão demoníaca, aceita em inúmeras religiões e crenças, é um tema explorado exaustivamente pela indústria cinematográfica. Assim, não falta base para buscar referência. Não se entende, portanto, como este filme consegue pecar em um ponto simples: o de não acreditar que Satanás (ou qualquer nome que assuma) é o suficiente.


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