quinta-feira, 8 de julho de 2010

Crítica do Filme: Cadê os Morgan?

Filme leva nova-iorquinos para se reapaixonarem no interior dos EUA




Meninas, me desculpem, mas eu não entendo o endeusamento de Sarah Jessica Parker. Com o Hugh Grant, tudo bem, mas Sarah Jessica Parker? Sério mesmo? Ok, ela usa os sapatos que a maioria de vocês mortais jamais vai sequer chegar perto, veste marcas que deixariam cartões de crédito derretendo só de passar na vitrine e carrega bolsas que valem mais do que muitas contas bancárias por aí. Mas, convenhamos, ela é feia a ponto de ganhar um site como este (nada contra os equinos, veja bem...).

Dito isso, vamos à trama da sua nova comédia romântica: SJP interpreta Meryl Morgan, a maior corretora imobiliária de Nova York, e Hugh Grant é Paul Morgan, advogado e seu marido. Pelo menos legalmente, já que os dois estão morando separados há alguns meses e o divórcio é questão de tempo. Mas ele tenta reverter a situação. Chega até a comprar uma estrela em seu nome e a leva para jantar no Daniel, um dos mais exclusivos restaurantes de Manhattan. Mas quando parece que nada será sufciente para acalmar os brios de uma mulher traída, Paul franze sua testa, faz aquela cara cachorro sem dono e diz - com todo o charme do seu sotaque inglês - que está arrependido. Quando falta pouco para seu plano dar certo, os dois testemunham um assassinato.

Corta para dentro do carro de poícia, onde eles ficam sabendo quem era a vítima, quem é o assassino e quem foi o mandante do crime. Ah, sim, são avisados também que vão ter que largar sua atribulada vida e seus blackberries saltitantes e se mudar para um fim de mundo qualquer, onde estarão sob os serviços de proteção à testemunha. Detalhe, os dois vão voltar morar juntos.

As piadas que surgem a partir desta mudança são sem graça. Os dois, acostumados à bagunça e o barulho de Nova York, dizem que não conseguem dormir porque estava silencioso demais. "Quase conseguia ouvir minhas células se dividirem", diz Paul, como se um personagem com o tanto de dinheiro que eles têm não vivesse em um apartamento virado para o Central Park e vidro duplos antirruído.

Pior ainda são os chiliques de Merryl, que bate o pé só de pensar que não vai mais poder ver Shakespeare no Central Park, ir ao Lincoln Center, ver os Mets jogarem, ler o New York Times ou pedir comida chinesa. Ok, é para ser esterotipada, mas precisava ser tão chata? Não vou dizer que "demorou" para o Paul ter um caso extraconjugal, pois isso seria errado, mas é difícil de engolir os motivos que ele teria para querê-la de volta.

E não precisa ser genial para imaginar o que o interior dos Estados Unidos, com seus chapelões, armas em punho, ursos e republicanos à solta vai fazer a este casal metropolitano. Mas se a pergunta do título é Cadê os Morgan? (Did You Hear About the Morgans?, 2010), eu queria poder responder que não sei e não quero saber. Afinal, como defender uma comédia-romântica em que o público pode não querer que o casal principal termine junto?



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