Depois de estourarem com Ligeiramente Grávidos e Superbad – É Hoje, todos os projetos em que os dois se envolverem agora será visto com outros olhos. Com Meu Nome é Taylor, Drillbit Taylor não é diferente. À primeira vista, o filme mais parece uma versão genérica do ótimo Superbad – É Hoje. No entanto, o roteirista Rogen (aqui trabalhando em colaboração com Kristofor Brown) conseguiu dar um enfoque diferente a este novo filme, que nos remete diretamente aos saudosos anos 1980 – talvez pela colaboração na história do filme do lendário John Hughes (de Curtindo a Vida Adoidado e O Clube dos Cinco).
O longa começa com os amigos Wade e T-Dog em uma situação bastante delicada: o primeiro dia de colegial começou e os dois querem parecer "legais" – algo difícil, considerando que eles acabaram indo com a mesma camisa para o colégio. Chegando lá, o franzino Wade comete o pior erro de sua vida, defendendo o deslocadíssimo Emmit do psicopat.. opa, valentão do lugar, Filkins. A partir dali, o bully e seu fiel capacho passam a fazer da missão de suas vidas atormentarem o trio das maneiras mais humilhantes possíveis.
Cansados daquilo, eles resolvem contratar um guarda-costas para salvá-los do sociopata em treinamento. O problema é que os garotos escolhem os serviços de Drillbit Taylor, um desertor do exército americano que agora vive nas ruas, mendigando para viver.
A premissa do filme nos remete diretamente ao clássico oitentista Cuidado Com Meu Guarda-Costas – contando até com uma pequena participação de Adam Baldwin, o protetor do estudante naquele filme. Além disso, algumas cenas parecem ter sido tiradas diretamente de filmes daquela época mais ingênua, como Wade e T-Dog parando no meio de uma perseguição para tirar fotos com duas gatas que estavam tomando banho de sol. No entanto, apesar de agradar muito e divertir em vários momentos, o filme tem alguns grandes problemas.
Ao contrário de "Superbad", onde tínhamos os três protagonistas muito bem explorados pela narrativa e os dois policiais "adultos" sempre interagindo com os garotos, aqui não temos essa dinâmica entre os personagens. Isto acontece porque os três jovens possuem uma narrativa e o pseudo-adulto outra. Assim, o grande tropeço de Meu Nome é Taylor, Drillbit Taylor é o próprio Drillbit Taylor!
Complica a situação ainda mais o fato de Taylor ser vivido por Owen Wilson. Nada contra o ator, mas ele realmente acaba chamando muita atenção para si mesmo, desviando o foco principal do filme, que deveria ser a luta por sobrevivência dos três garotos. Apesar disso, Wilson continua sendo uma figura agradável na tela, com sua persona cinematográfica se encaixando muito bem no papel de guarda-costas malandro. O problema foi que os realizadores esqueceram que, apesar de ser um personagem-título, ele deveria ser um coadjuvante.
Sempre que o filme se foca nos garotos, as coisas ficam melhores. Wade, o mais centrado do trio, é vivido com competência por Nate Hartley. O jovem possui um quê de "normalidade" que torna fácil para o público se identificar com ele, algo primordial para sua atuação. Além disso, Wade possui um arco dramático bastante interessante, tendo um padrasto que se orgulha de ter sido um bully na juventude, contando ainda com meio-irmãos mais novos que são valentões em treinamento.
Em seguida, temos Troy Gentile, que interpreta o aspirante a rapper T-Dog. O ator-mirim já encarnou, em duas ocasiões diferentes, versões mais novas de Jack Black e não é difícil ver o porquê. Além de alguns quilinhos a mais, Gentile possui, tal como Black, certo carisma desbocado. No entanto, o seu jeito de ser aliada a sua predileção musical não o diferencia o bastante de Seth para evitar eventuais comparações com o personagem de Superbad. Porém, a ótima química em cena entre Gentile e Hartley redime T-Dog de qualquer coisa.
No entanto, o filme não conta com algo que desequilibrou a balança em favor do sucesso do ano passado. Enquanto em 2007 o inesquecível McLovin foi a sensação entre os jovens freqüentadores de multiplexes, este Meu Nome é Taylor, Drillbit Taylor tem como seu terceiro elemento o apagado Emmit. Além deste não ser desenvolvido de jeito nenhum pelo roteiro, a atuação de David Dorfman (mais conhecido como o garoto de O Chamado) é extremamente exagerada, chegando quase a dar uma conotação afetada ao personagem.
O grande vilão da fita, Filkins, não podia ter intérprete melhor. O jovem Alex Frost, que viveu um dos estudantes psicopatas de Elefante, transforma o bully em um verdadeiro sociopata. Resguardadas as devidas proporções, Filkins está para o longa como Hannibal Lecter está para O Silêncio dos Inocentes, conseguindo impor o terror nos corações dos jovens protagonistas e despertar alguma raiva nos espectadores, perfeito para um vilão dessa estirpe.
Vale ainda destacar a participação da linda Valerie Tian como Brooke, o interesse amoroso de Wade. Como se trata de um longa produzido por Judd Apatow, é de lei que a esposa deste, Leslie Mann, apareça em cena, vivendo a professora dos protagonistas e objeto do desejo de Drillbit Taylor. Já o diretor Steven Brill se resume a fazer o arroz-com-feijão, nada muito diferente do que poderia se esperar de uma comédia juvenil com o dedo de Apatow. Para ser sincero, considerando que Brill já cometeu coisas como o indescritível "Little Nicky – Um Diabo Diferente", cumprir com o básico já está de muito bom tamanho.
Meu Nome é Taylor, Drillbit Taylor pode não ser um clássico da comédia moderna, mas consegue manter o bom nível dos filmes de Apatow e sua trupe, divertindo o público e dando um gostinho de anos 80 para os saudosistas.
Curiosidades do filme
Originalmente existia apenas um vilão, sendo ele o Filkins (Alex Frost). Mas, depois de Josh Peck aparecer em uma das audições e não conseguir o papel do vilão, a pedido do diretor Steven Brill, os roteiristas criaram um comparsa para Filkins, dando lugar a Josh Peck, embora ele não apareça muito.
O filme passou por várias aberturas diferentes, sendo que em uma delas Drillbit Taylor seria apresentado desertando do exército americano. Os roteiristas desistira da idéia devido ao impossível orçamento em fazer apenas essa única cena.
O filme foi rodado próximo á casa dos produtores e roteiristas, devido ao acúmulo de trabalho. Assim ficava mais fácil para eles irem para casa, não gastando mais do que 20 minutos.
Owen Wilson não usou dublês nas cenas de ação do filme. Um destaque dessas cenas é no confronto final entre Drillbit e Filkins. Os golpes foram feitos pelo próprio Owen, sendo que foi divulgado que quem o ensinou esses golpes foi seu amigo e parceiro Jackie Chan, com quem trabalharam em três filmes: Volta ao Mundo em 80 dias, Bater ou Correr e Bater ou Correr em Londres.
Há um erro de filmagem na cena em que Wade conversa com Ryan, e em seguida com Drillbit. Um pouco antes de Drillbit pedir conselho ao Wade em como se chamar a garota de quem você gosta para sair, Wade diz ao Ryan que "foi uma grande ideia contratar Drillbit". Nesta cena ele está com uma camiseta cinza estampada com um desenho verde no meio da camisa. A seguir, já conversando com Drillbit, ainda na escola, ele está com uma camisa azul escura e com um desenho de uma caveira estampada no meio.
Os garotos tiveram um pouco de dificuldade em atuar logo no começo do filme com Owen Wilson. Mas todos eles conseguiram se soltar especificamente na atuação com Owen na cena em que Wade leva um soco de Filkins e Ryan têm de gritar com Drillbit, dizendo que "ele está despedido".
A primeira cena do filme a ser filmada foi a da contratação dos guarda-costas. Logo no primeiro dia, os diretores e produtores conseguiram um número incrível de 15 metros de filmagem.
Há outro erro. Na cena em que Drillbit tira o caminhão com os móveis da família de Wade e Dom corre atrás dele, Dom já está com o dinheiro na mão, então, "porque ele está correndo atrás do caminhão"? Os editores descobriram isso tarde demais, visto que o filme já estava para ser lançado no cinema. O diretor do filme disse que essa cena vai assombrá-lo "para todo o sempre".
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