Tamanha leviandade na hora de tratar o tema rendeu ao projeto uma classificação indicativa nos Estados Unidos igualmente rasa, o PG 13, que garante uma agradável sessão de cinema para qualquer adolescente a partir dos seus 13 anos - e parece que o filme foi realmente feito apenas para eles, independente do fato do personagem ter sua época áurea nos quadrinhos lembrada apenas por maiores de 20. O diretor Mark Steven Johnson (Demolidor) tentou se defender, dizendo que não era nada disso e que a transformação da cabeça flamejante ia deixar muita criancinha molhando a cama. Balela! Não há estranheza alguma na cena. Nicolas Cage se contorce e grita, mas não dá para ter qualquer tipo de sentimento além do "ah, legal, mas vai demorar muito ainda?"
Por falar em demorar, Motoqueiro Fantasma atrasou mais de seis meses para estrear. Inicialmente, ele era prometido para o meio de 2006 (verão no hemisfério norte, época dos grandes blockbusters), mas foi empurrado para o início de 2008 (período bem mais tranqüilo). Se por um lado isso já demonstrava a desconfiança da Sony com o filme, deu à pós-produção tempo de sobra para finalizá-lo e conseguir boas imagens, como as transformações, a moto, a corrente e o "olhar da penitência". Tudo bonito, bem acabado, mas nada inovador.
E parece que a aposta era essa mesmo, o look. O diretor diz que "Motoqueiro Fantasma era um mais interessantes visualmente e, na minha opinião, o personagem mais cool", no que é complementado por seu protagonista: "Ele é também na minha opinião o super-herói com o visual mais cool. Não dá pra ter nada melhor do que um dublê de motocicletas vestido dos pés à cabeça em couro negro com um crânio em chamas." Só assim para explicar um roteiro tão... sem surpresas: Ao descobrir que seu pai tem problemas de saúde, Johnny Blaze se desespera e é facilmente enganado pelo Diabo (Peter Fonda, de Easy Rider), que fica com sua alma e o priva de uma vida pessoal, incluindo aí o seu amor de infância, Roxanne Simpson. Seguindo os passos do pai, Blaze se torna o maior maluco sobre duas rodas, realizando números impossíveis para uma pessoa normal, afinal o diabo está cobrindo a sua retaguarda, impedindo-o de morrer antes da hora certa de recolher sua alma. O momento chega quando Coração Negro, o filho de Mefístoles, planeja tirar o pai do trono. É aí que entra o Motoqueiro Fantasma, para salvar a pele do seu "patrão".
Os capangas de Coração Negro (Wes Bentley) são capengas. Blaze conhece um antigo cowboy (Sam Elliot) que também foi dominado pelo Espírito da Vingança na sua época e vira uma espécie de tutor. Tenta reatar com Roxane, mas é impedido por forças maiores. E há muitas situações "engraçadinhas", como por exemplo a obsessão de Blaze por jujubas e Karen Carpenter. Tudo bem que Nicolas Cage não se leva mesmo a sério, mas calma lá, né?
Mas talvez o grande feito de Motoqueiro Fantasma seja finalmente colocar Cage no papel de um herói vindo das HQs. Desde que Hollywood começou a adaptar desenfreadamente as histórias dos gibis, o ator - fã confesso de HQs - era cotado para quase todos os projetos. Do bizarríssimo boato de que ele seria o novo Super-Homem até um interessante papel de Namor, ele ia tentando realizar um sonho. Antes vê-lo acelerando uma moto do que na pele de Luke Cage, célebre personagem negro da Marvel que Nicholas Kim Coppola usou como inspiração para batizar seu nome artístico e assim fugir da sombra do tio Francis Ford. Se ele teve que vender sua alma para o diabo para realizar esse sonho, não cabe a mim julgar.
Link para essa postagem
Comente!!!
Postar um comentário
Leia as Regras:
Todos os comentários são lidos e publicados, se respeitados os critérios;
Não peça parceria por aqui, entre em contato;
Ofensas pessoais, ameaças e xingamentos não são permitidos aqui.