segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Tela Quente - Análise: 27/08 - G.I. Joe: A Origem de Cobra

O que mais tenho lido e ouvido sobre G.I. Joe - A Origem de Cobra (G.I. Joe - The Rise of Cobra, 2009) é: "Até que me diverti" e "Não é tão ruim quanto pensava que ia ser". E a partir disso é fácil tirar duas conclusões: 1. os vídeos mostrados até agora não inspiravam confiança ou causavam nenhum tipo de empolgação; 2. com uma expectativa tão baixa, é mesmo mais difícil ficar decepcionado... o que não necessariamente quer dizer que o filme seja bom.

Uma história de oportunidades 

Agora, antes de mais nada, vamos lembrar quem são os G.I. Joe, que no Brasil nasceram como Falcon e depois, na versão reduzida dos anos 80, viraram Comandos em Ação. Se Deus primeiro criou Adão e de uma de suas costelas criou Eva, o pessoal da Hasbro viu no sucesso da Barbie a oportunidade de lucrar fazendo bonecos para os meninos. E nada mais masculino do que bonecos de ação, ou action figures - sim, foi por causa dos G.I. Joe que o termo "action figures" (figura de ação) se popularizou. Não fossem eles, os meninos estariam até hoje brincando com "dolls" (bonecas).

Mas foi nos anos 80, pegando carona do sucesso que os brinquedos da série Star Wars estavam fazendo, que a Hasbro relançou os G.I. Joe, agora com cerca de 9.5cm, contra os 30 cm da versão anterior. Para ajudar a reforçar a marca, essa época também teve as HQs com os personagens publicadas pela Marvel em uma ação conjunta das duas empresas, que tinham comerciais na TV que ao mesmo tempo divulgavam os quadrinhos e a marca dos bonecos e trazia lucros para todos. E daí veio o desenho animado de 1985 e o estrago estava feito nos bolsos dos pobres pais, que tinham de se esquivar de comprar não apenas bonecos mas também jipes, aviões, bases e o que mais aparecesse pela frente.

E agora, nos anos 2000, vendo o sucesso que o filme Transformers (2007) fez nos cinemas, nada mais óbvio do que ver os velhos Joes correndo mais uma vez na cola dos outros, pegando o vácuo e fazendo mais dinheiro para a Hasbro e quem quer que esteja aliado a ela.

Operação de guerra
 
E nenhum verbo poderia ser melhor utilizado aqui do que "correr". Para conseguir entregar o script antes que a greve dos roteiristas se iniciasse foram chamados nada menos do que cinco pessoas, que seguiam as ordens do chefe dessa verdadeira operação de guerra, Stephen Sommers.

E acho que não é precipitado dizer que foi aqui que a desconfiança começou a nascer. Sommers tinha como ponto alto de sua carreira (e bastante explicitado no pôster e no trailer do filme) a criação da série A Múmia (1999). Mas ele também tem no seu curriculo o vexaminoso Van Helsing - O Caçador de Monstros (2004), seu último trabalho. Junte isso a uma série de trailers genéricos e carregados de computação gráfica sem novidades e não demora muito para surgir o boato de que Sommers havia sido demitido depois que sessões-teste do filme apontaram notas baixas e um descontentamente geral do público. Tudo prontamente desmentido, é claro, mas a essa hora o ventilador da Internet já havia espalhado a sujeira para todos os lados.

E como se já não houvesse uma aura negativa o suficiente ligada ao projeto, o longa-metragem não foi exibido à imprensa dos Estados Unidos, o que só ocorre quando os produtores estão com medo das críticas negativas e escondem o produto final da mídia. É a desculpa "deixe o público decidir por si só", que os executivos de Hollywood gostam de usar quando sabem que têm uma bomba nas mãos.

Afinal, como ficou? 

Talvez pela boa performance dos filmes anteriores do Sommers nos mercados exteriores, talvez pelo time internacional que são esses G.I. Joe de agora, o Brasil ficou de fora desse "embargo" e podemos já adiantar que todo o temor é infundado. G.I. Joe - A Origem de Cobra é talvez o mais divertido blockbuster desse verão americano. Porém, há de se lembrar que este ano estamos nivelando por baixo, afinal, nem X-Men Origens: Wolverine, nem Transformers 2 são primores de história e Harry Potter e o Enigma do Príncipe é mais um prelúdio para o final do que um filme por si só.

Na trama, os G.I. Joe são um grupo de soldados de elite das mais diferentes nacionalidades que usa a mais moderna tecnologia para deter o corrupto vendedor de armas chamado Destro e o surgimento da cada vez mais poderosa e ameaçadora organização chamada Cobra, que quer acabar com o mundo como conhecemos.

A verdade é que apesar do exagerado e (algumas vezes) desnecessário uso de computação gráfica em cenas como a perseguição nas ruas de Paris, Sommers soube como equilibrar ação e situações cômicas... e mais ação. E até quando ele erra, inserindo no filme um número maior de flashbacks que o necessário, ele faz com um motivo: não dar tempo ao público relaxar e, assim, cada uma daquelas piscadas mais lentas que traz memórias antigas, vem recheada de mais cenas de ação. É assim até o desfecho em uma batalha subaquática que mais uma vez peca pela falta de realidade vinda da computação gráfica.

Sem surpresas quanto à história (bom, talvez uma lá no final, que é até bem interessante), o roteiro usa todas as fórmulas conhecidas de Hollywood e entrega tudo mastigado para o espectador, que não tem como sair do filme com dúvida de quem é quem e porque estava agindo daquele jeito. Novamente, é um nivelamento por baixo, mas que desta vez tem tudo para funcionar. Resumindo, G.I. Joe - A Origem de Cobra até que não é tão ruim quanto pensava que ia ser e, sim, eu me diverti.


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